Recebi um convite de uma grande amiga, para uma cerveja depois do expediente. Como se tratava de um dia em que os compromissos mirraram, aceitei de pronto e marcamos o local onde nos encontraríamos. Só aí foi que decidimos aonde as loiras nos contemplariam.
Ela sugeriu um bar que havia sido inaugurado há poucos dias e ainda tinha o agradável aditivo de pertencer a uma ex-aluna dos tempos em que trabalhávamos em uma mesma escola.
Sim, ali seria, sem dúvidas, um local perfeito pra colocar a conversa em dia, além - é claro - de prestigiarmos o novo empreendimento, como forma de incentivar a proprietária em sua nova empreitada.
Puxamos as cadeiras de umas das mesas, dessas que ficam na calçada, pois a noite era agradável. Era umas nove da noite.
À primeira vista ela, a anfitriã, nos apresentou um largo sorriso de fatia de melancia madura, o que demonstrou sua satisfação em nos receber depois de longa data.
Sem mostrar o cardápio, sugeriu a cerveja que patrocinava o bar, com sua logomarca impressa nos tampos das mesas e encostos das cadeiras. Péssima sugestão. Não era a marca preferida por nenhum dos dois, mas já que a camaradagem imperava como pretexto para a conversa, aceitamos.
Bebemos a primeira num piscar de olhos e, antes que os copos esvaziassem, pedimos a segunda. A surpresa foi quando nossa velha amiga trouxe a outra garrafa, acompanhada de um alerta: _Esta é a última. Disse em tom formal.
Olhei pra minha amiga com uma interrogação verdana 72, caixa alta e negrito.
Ela me devolveu um olhar de espanto.
_ Ué, por que a última? Questionei.
_ É que já estamos fechendo, ela justificou.
Eu pensei, pensei... pensei de novo, no silêncio que se estabeleceu, e não me contive: _ Moça. Onde é que está escrito o horário de funcionamento deste bar? Você, por acaso disse que só poderia nos servir duas cervejas, no momento em que nós chegamos? Não, né?
_ Olha, quem não quer aguentar gente desocupada, não abre bar. Abre igreja. Ensinei.
Pagamos a conta e fomos embora.
A propósito... o bar fechou definitivamente depois de alguns dias.
Faliu.
sexta-feira, 2 de março de 2012
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Como diria o Velho Deitado: "Quem não tem competência não se estabelece". Parece a história do cara que fechava o restaurante na hora do almoço, pro almoço dos funcionários. Só no Brasil, mesmo...
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