quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Palmas para o "Rodela"

Um sábado desses, pela manhã fui à região da Rua Santa Ifigênia, no centro velho de São Paulo. A cidade estava como uma panela borbulhante, de tanta gente que ia e vinha, por conta do dia dos pais comemorado por aqueles dias. Ali era notória a lei da oferta e procura: onde há compradores, lá estão os vendedores ambulantes - no caso driblando a fiscalização que se fazia presente e inibidora dos menos ousados, porque aqui e ali, um deles desembrulhava sua mercadoria, sempre de olho no "rapa" que poderia surgir a qualquer momento.

Aliás, nesse ponto, a prefeitura de São Paulo está fazendo um relativamente bom trabalho. Quem conhece São Paulo sabe que, há não muito tempo, as calçadas e boa parte das ruas eram completamente tomadas pelos camelôs. Hoje já dá para transitar com certo conforto, mesmo na Rua 25 de Março, local de um aglomerado de gente, sem igual.

Porém o que me chamou a atenção não foram as corridas sorrateiras dos ambulantes, mas a quantidade de artistas de rua que - agora com mais espaço - podem mostrar seus dotes aos passantes. Se é proibido ou não, não sei, porque não vi um sequer fugindo dos fiscais. São estátuas vivas, palhaços, músicos - de algum país andino tocando flauta acompanhados por dançarinos de mesma etnia, que aproveitam para divulgar e vender seus CDs -, mágicos e... o Rodela. Siiiimmmm aquele cidadão que participa (ou participou - não sei porque não assisto) do programa do Ratinho, no SBT.

Confesso que fiquei surpreso ao vê-lo ali, no Largo São Bento, vestido de mulher e apresentado uma de suas equetes ao público passante. Desenvolto, engraçado - sim, engraçado -, não só pelas caretas que só ele consegue fazer, mas também pelo texto decorado ou improvisado, não dá pra decifrar. Um artista que surpreende. As pessoas paravam aos montes formando uma espécie de teatro de arena, ao seu redor, para acompanhar suas palhaçadas muito bem articuladas.



Naquele bololô de gente, eu me fiz a seguinte pergunta: como é que o tal do Ratinho ganhando o que ganha na TV, deixa um artista que lhe prestou (ou presta) serviços e certamente o ajudou a alcançar bons índices de audiência ficar nessa situação? Não que haja mal em se apresentar para pessoas em praça pública que, na maioria dos casos, jamais foram ou irão a um teatro ver um show de humor.

Se o Rodela se dispõe a mostrar sua arte a um público itinerante, em troca de moedas, dos dois um: ou seu coração é mole como gelatina que o faz doar arte a quem não tem dinheiro para pagar, ou vende arte a preços tão baixos que, até quem não pode pagar, acaba ajudando.

Se for segunda hipótese, acho que o roedor deveria ter vergonha de pregar aquela complacência com os mais necessitados. O Rodela é um deles.

Nenhum comentário:

Postar um comentário