2° texto da série
"Meus amores"
Amar não é fácil. Não é tarefa para amadores. Amadores que se aventuram nesse caminho, sem preparo para administrar o percurso, sem perceber que estão dentro de um redemoinho, invariavelmente se machucam e, dependendo da queda, herdam sequelas, às vezes, irreversíveis.
Então qual é o segredo para não se machucar? Não amar? Não. Para esta pergunta, eu acredito que não haja resposta, nem fórmula mágica, porque ninguém escolhe amar ou deixar de amar.
Penso eu, que amar é uma questão de treino, de adaptação ao sentimento; à entrega.
Para criar intimidade com o amor, tem de se deixar levar por ele; tem de amar por completo, sem metades. Tem que treinar.
É uma analogia entre um banho de chuveiro e um mergulho de cabeça no ribeirão: molha-se de ambas as formas, porém, com intensidades diferentes.
Em uma só frase, o sábio Vinícius de Moraes talvez tenha receitado o remédio que pode ser a chave para destrancar as portas do amor: "que seja eterno, enquanto dure". Siiiimmm... Enquanto durar, tem de ser forte, sincero e eterno. E se acabar, tem de acabar no final, afinal de contas, como diria Chacrinha, "o jogo só acaba, quando termina".
Roberto Carlos cantou lindamente "você foi o maior dos meus casos, de todos os abraços, o que eu nunca esqueci". Uma canção que, apesar de bela, mostra que o protagonista se esqueceu de tentar esquecer e, ao invés de viver aquele amor, enquanto durou e guardar na mente e no coração os bons momentos, preferiu sofrer sozinho a vacância deixada pela sua amada. Vacâncias podem ser apenas hiatos. Mas isso, só o tempo é quem diz.
Músicas que falam de amor têm intrínsecas em si, o sentimento mais nobre que um ser humano pode ter, até porque, acho que só os seres humanos têm o dom de se apaixonar.
Dentro da minha admitida ignorância, até acredito que outros animais são capazes de demonstrar amor e eu não saberia dar outro nome àquela alegria que meu cachorro demonstra quando eu chego em casa. Sim. É amor.
Mas não é esse amor ao qual me refiro. Falo de paixão, de querer estar a qualquer custo ao lado de uma pessoa e tão somente daquela pessoa. Falo do amor que deixa a gente bobo. De amor de pele, de respirar a mesma respiração, de olhar juntos na mesma direção. O amor das escrituras sagradas, que "tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta". E este amor, só os seres humanos são capazes de sentir.
Portanto, somente quando se entra e permanece confortável em um amor, pode-se dizer que está preparado para amar. Senão, o negócio é treinar mais.
Pessoa, adorei seu texto, como sempre você escreve lindamente. Concordo com você sobre o amor até a parte que você diz que o amor é um treino, eu discordo, ou você ama, ou não ama e ponto. Essa história de treino...hummm sei não, acredito que seja mais uma questão de aprender a conviver com a pessoa, não amar...
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