sexta-feira, 2 de março de 2012

Fechou antes da hora. Literalmente.

Recebi um convite de uma grande amiga, para uma cerveja depois do expediente. Como se tratava de um dia em que os compromissos mirraram, aceitei de pronto e marcamos o local onde nos encontraríamos. Só aí foi que decidimos aonde as loiras nos contemplariam.

Ela sugeriu um bar que havia sido inaugurado há poucos dias e ainda tinha o agradável aditivo de pertencer a uma ex-aluna dos tempos em que trabalhávamos em uma mesma escola.

Sim, ali seria, sem dúvidas, um local perfeito pra colocar a conversa em dia, além - é claro - de prestigiarmos o novo empreendimento, como forma de incentivar a proprietária em sua nova empreitada.

Puxamos as cadeiras de umas das mesas, dessas que ficam na calçada, pois a noite era agradável. Era umas nove da noite.

À primeira vista ela, a anfitriã, nos apresentou um largo sorriso de fatia de melancia madura, o que demonstrou sua satisfação em nos receber depois de longa data.

Sem mostrar o cardápio, sugeriu a cerveja que patrocinava o bar, com sua logomarca impressa nos tampos das mesas e encostos das cadeiras. Péssima sugestão. Não era a marca preferida por nenhum dos dois, mas já que a camaradagem imperava como pretexto para a conversa, aceitamos.

Bebemos a primeira num piscar de olhos e, antes que os copos esvaziassem, pedimos a segunda. A surpresa foi quando nossa velha amiga trouxe a outra garrafa, acompanhada de um alerta: _Esta é a última. Disse em tom formal.

Olhei pra minha amiga com uma interrogação verdana 72, caixa alta e negrito.
Ela me devolveu um olhar de espanto.

_ Ué, por que a última? Questionei.
_ É que já estamos fechendo, ela justificou.

Eu pensei, pensei... pensei de novo, no silêncio que se estabeleceu, e não me contive: _ Moça. Onde é que está escrito o horário de funcionamento deste bar? Você, por acaso disse que só poderia nos servir duas cervejas, no momento em que nós chegamos? Não, né?

_ Olha, quem não quer aguentar gente desocupada, não abre bar. Abre igreja. Ensinei.

Pagamos a conta e fomos embora.

A propósito... o bar fechou definitivamente depois de alguns dias.

Faliu.